quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Eu quero é dormir na praça!

30 anos dura a dita (dura)

18 dias leva o povo a derrubá-la

Pirâmides balançam, a Esfinge sorri

(os canalhas estupram)

chupa que é de uva Ben Ali, Mubarak, Kaddafi e tutti quanti!

1984

jornais, rádios, revistas e a TV plim-plim não davam

mas o país convulsionava, novos ventos sopravam

eu voltava da escola, engolia um mistão e corria para a Sé

meus pais, informados pela mídia chapa-branca, nem desconfiavam

eu não, ligado no Facebook/Twitter da época

me embriaguei por estar do lado "certo" da história

os comícios passaram a ser medidos pelo milhão

a praça era do povo como o céu do condor

na minha terra havia e há, palmeira, jasmim e sabiá

agora, revolução à vera, cá nunca houve nem há

e já que condor aqui não se dá, quem comeu foi urubu

e carcará

27 anos depois, olhando a praça Tahrir é que vi

com meus olhos de cego vi o que não estava lá

vi o que lá não tinha, mas tinha no Diretas-Já:

palanque armado, camisetinha, celebridades, políticalha e jabá

os gambé vazaram aprovando uma Anistia que lhes cobria o rabo

os bacanos se atracaram ao butim dizendo aos brados

é de vós que o poder vem, às urnas, macacada

mas voto não teve não, teve foi gambiarra e acordão

e, de lá pra cá, os gabirus do palanque do poder não saíram mais não

por isso é que eu quero voltar para a praça e berrar a todo pulmão

chega de Tiriricas, Capitão Nascimento para presidente!

Capita, o inimigo agora somos nós!

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