segunda-feira, 27 de junho de 2011

sem título

há no mundo um mundo
medra imerso em medo
agora
que voltei da volta ao mundo
minto
revolto ensombrado durmo
bruma adentro
de meias

entretanto movimento a mente estaca
entre
tempo entrante de mor
sorte ânsia & espanto
enfim um mar
a que sempre (diminuto)
volto

porque não vento nem chovo
de fato
nunca imerso impenso
desperto
o amor que o tempo des
dobra

dou de ombros consulto
oráculos
de fora a fora finjo
fujo da obra inverso
semi névoo sem tamanho nem
tento

mas sigo ainda sendo
cego
ovas mortas escutando
junto
ao muro olhos de pano
apostos atento a
mirarte

pois que um mundo tão
sem vôo
vou em frente enfrento
ar
onde ondas ondeiam e o mar sempre
volta

sábado, 11 de junho de 2011

por que se mata o poeta?

Árdua entre as mais tarefas

que impõe a vida continuar

vivo não é fácil e requer

experiência

ninguém pediu para nascer

supostamente

por que então o poeta pede

para sair?

desce do trem e da vida antes

do fim da festa do pôr

do sol do inverno e da

colheita

o estouvado gesto é claro

erro crasso e necessário

a mim a vocês ao camponês

e ao operário

o poeta surfa a onda na velocidade

da luz

um vacilo e ele perde todos os espelhos

torna-se irremediável solitariamente

contrário

tragado pelo caldo primitivo nas entranhas

do Grande Buraco

em 1925 Siérguei Iessiênin corta os pulsos

escreve versos com sangue e

se enforca

grita Maiakovski contra os "versos velhos no velório" do jovem

porque somos chamados a sustentar o corpo imenso

do morto

já que sem poetas estamos um pouco menos

despertos

menos atentos à barulheira que faz a poesia

em nossos sentidos

os suicidas sempre deixam uma mensagem

em código

escrita numa língua antiga e indecifrável

a qual esquecemos

mas que afinal lembramos uma última vez

cedo ou tarde.


quinta-feira, 9 de junho de 2011

Em milhas

                                              

                                                                                                                       domingo no minhocão - SP


O meu
que seguro em mim
Bebeu                                                                                                
o chá de jasmim 
Cresceu
um segredo sim
Morreu
o amor por mim
Um teu
que brotou sem fim
Correu
em milhas daqui
Do céu.  Do céu.
Em
milhas daqui.