quarta-feira, 16 de março de 2011

janeiro é um mês duas-caras

não será o destino
dos ícones
a evanescência, de tudo que um dia
chega a ser
transformar-se no seu contrário?

não seria a fé
exata definitiva fundamental
fechada
uma espécie de seita
dos descrentes?

só quero poder contar
histórias
a minha estória
essa
eu não suporto
mais

só quero o bálsamo
do oblívio
esse óbvio
alívio

a felicidade é uma foto velha
uma piada do caralho
antigo Oceano de lágrimas
famigerada flor do infame
Todomundo

a felicidade seria um tempo-
pétala
um instante-gota
a boiar perdida no universo
casca-de-noz

(se hoje estou mouco
e cheio de crepúsculos
é porque experimentei o que digo
conheço a esperança e o perigo
a solidão a doença a morte)

como posso queixar do que
tem sido a minha glória?

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