domingo, 19 de outubro de 2014

Perivaldo e Cecivânia #1



           ― Aí Magaiver! Demorô mas chegô.
― Fala William, meu irmãozinho, tudo pela ordem?
― Se melhorar estraga, meu truta. E o que pegou com o teu primo, não ia vim junto?
― Ih, maluco, mó perrê... o primo assinou 180 de graça, mano ligeiro mas vacilou, pegou carro emprestado, os homens grampeou ele num corre no Valo Velho. Petê fodido, e os gambé ainda apreenderam as máquina na casa do maluco. Fagrante.
― Preju do carai, rapá. E então, veio buscar as peça? Pega os esquema aí e resolve teu problema.
― Tá osso, irmão, trabalhar sem berro dá não, os cana tão forte na rua. Até pra fazer uma saidinha de banco tá embaçado.
― Vamo levar uma idéia, tua casa caiu, certo? Mas tem as regra da casa, se o irmão me traz só metade do arrego, tem que dividir o latão com nóis. Firmeza?
― Firmão tru, na moral, o combinado não é caro.
― Escuta, e aquele serviço que a firma te encomendou, que pé que tá?
― Ainda não deu, vou sentar o pau no gato essa semana.
― Sabe onde o mala tá morando?
― Claro, liguei pra família, meti a da entrega das Casas Bahia. Não deu outra, abraçaram com as dez.
― Os trouxa abraçou?
― Facinho. O cara mora até que perto, depois de quarta subo ele. Tá devendo pro partido, se fodeu bem feito.
― Escolhe aí, Beretta, Colt, e tem a quadrada...
― Falando em quadrada, essa tua cromada é bem loca, mano.
― Desbaratina dessa, Magaiver, é de estima. Hmm, melhor levar o 38, a 380 tá engasgando direto.
― Belezinha, posso dar uns teco? Só pra testar...
― Tu vai testar ela já, já, mano, sossega que São João já passou. Tem um funk que vai rolar mais tarde lá no lava-rápido, preciso que me apague um P2 lá mesmo, na fuça dos cara. Enche ele de furo pra mim e deixa o recado pros moleque.
― Sei não, bróder, já tô muito sujo nesta quebrada, neguinho tá jogando um monte de 121 nas minhas costas...
― Dá meu nome, bro. Então, o zé-ruela chama Peri, Perivaldo. Foi visto entregando uma fita grande pros cana, tomamo uma apreensão cabulosa. Não dá pra dividir tudo com a Narcóticos, com os coxinha da PM qualquer garoupa tá resolvendo, mas esses cara quer sociedade. Morde que é a porra.
― De certeza que não pega nada quebrar esse nóinha? Fama de pé de pato é mó atraso, tão falando por aí que eu mato mais que a Rota, mano.
― Meu truta, a ordem veio de dentro do sistema, tu acha que eles põe matraca pesada na minha mão se eu não for responsa? Cagüete nós tem que descer, e logo, na minha área não vô deixar cobra criar asa.
― Tá certo, tem que ter preceito. Se os torre autorizaram... Me passa a fita que eu armo o caixão, põe os prego na conta do serviço, então... tem a manha?
― Belê, munição por conta da empresa. É uma parada molezinha, courinho de rato, o malaquias é um neguinho magro, metido a dançarino esse Peri. Tu cola no Praquemquer, o tal bailão do lava-rápido, e só espera o grupo dele se apresentar, daí já faz ele ali mesmo.
― Deixa comigo, Willia, esse moleque já tá no abraço da jibóia. Cê tem aí fácil uma foto do defunto?



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